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SECURAS

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S ECURAS Vivemos securas. A aridez nos consome. Nesses dias, parece faltar o líquido que lubrifica nossos cotidianos. As securas não são somente aquelas que dizem respeito ao clima, ainda que o clima social dessas terras não esteja propício a boas fertilidades. Olhamos para o horizonte e só enxergamos mais terra seca. Pisar num chão seco machuca nossos pés, deforma e adoece nossos corpos.  Vivemos securas, estamos no meio do fogo. Inferno. O que podemos fazer? Da qualidade do fogo, essa já conhecemos, louvamos sua existência. Forjar, aquecer, cozinhar, assar. Não é deste fogo que falamos, mas sim daqueles que instalam securas, queimando nossas vontades. Estão enxugando nossos desejos, murchando nosso querer.  O rei, em sua ávida secura, incendiou a terra. A boca do rei é seca. Seu corpo esta secando. Seus pensamentos denunciam uma esterilidade que contamina. O rei é seco e convoca uma legião ressequida, sem alma. Infecundos, sua produção é da ordem das rudezas, das ign
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Notas pandêmicas ao sul do mundo ou quanto vale tua potência?   Quais as chances de nos transformarmos em pandêmicos, em pan + en+demos? Os gregos antigos denominavam o prefixo pan como o que remete ao universal, que diz respeito a todos , enquanto o en faz a ligação, indicando o que estava no e com o demos, com o povo.   Vemos aí, em uma simples pesquisa etimológica, que a expressão pandemia pode encontrar outros significados, configurando-se em palavra que pode ser rachada [1] , aberta, para encontrarmos nela outros sentidos, outras potências. Assim, afastando-me cada vez mais do conceito de enfermidade, doença ou flagelo que tal expressão pode conter, algumas perguntas me assaltam nesses tempos de isolamento. Depois da pandemia ainda seremos pan , estaremos todos em conexão? Que outros vínculos poderão ser criados por meio dessa condição?   Nesses tempos de forçadas distâncias (como se outros tempos já não os fossem) que sentimentos te invadem e agora habitam
Muito além do fim do MINC ou  "Vagabundo" é a puta que te pariu!* Os mais "novinhos" (que desfrutaram de uma considerável  valorização das expressões culturais artísticas  populares e de rua neste país )  talvez não tenham sentido direto no corpo e na mente  o que é ser chamado de "vagabundo". Se ao menos, a intenção daqueles que usam tal expressão fosse uma comparação com os errantes, com os vagantes que deambulam  em meio ao povo para representar todas as matizes do convívio humano, eu aceitaria tal comparação. Artistas de rua são historicamente desvalorizados ou olhares desconfiados. Seja durante grafitagem em muros,  participação em festivais musicais, performances teatrais  ou quaisquer formas independentes de arte realizadas em espaços públicos. . Por mais que digam ao contrário, a cultura "popular", de "rua", "alternativa" ou qualquer outra denominação usada para representar tais expressões artísticas e públi