SECURAS
S ECURAS Vivemos securas. A aridez nos consome. Nesses dias, parece faltar o líquido que lubrifica nossos cotidianos. As securas não são somente aquelas que dizem respeito ao clima, ainda que o clima social dessas terras não esteja propício a boas fertilidades. Olhamos para o horizonte e só enxergamos mais terra seca. Pisar num chão seco machuca nossos pés, deforma e adoece nossos corpos. Vivemos securas, estamos no meio do fogo. Inferno. O que podemos fazer? Da qualidade do fogo, essa já conhecemos, louvamos sua existência. Forjar, aquecer, cozinhar, assar. Não é deste fogo que falamos, mas sim daqueles que instalam securas, queimando nossas vontades. Estão enxugando nossos desejos, murchando nosso querer. O rei, em sua ávida secura, incendiou a terra. A boca do rei é seca. Seu corpo esta secando. Seus pensamentos denunciam uma esterilidade que contamina. O rei é seco e convoca uma legião ressequida, sem alma. Infecundos, sua produção é da ordem das rudezas, das ign